Por Davi Lago
Páginas do diário imaginário de Noé – Encontrado no Monte Ararate, na Turquia.
Ano 600 de Noé, segundo mês, décimo dia
Hoje entramos na arca. O pessoal tá rindo lá fora.
Ano 600 de Noé, segundo mês, décimo sétimo dia
Começou a chover agora. O pessoal não está mais rindo, tá todo mundo gritando e pedindo para entrar. Eu gritei da janelinha: “Sinto muito”. Meu filho Sem brincou dizendo que eu sou o maior empresário do mundo: enquanto eu tenho estoque o resto do mundo está em liquidação.
Dilúvio, dia 2
Tá tudo tanquilo aqui na arca. Os animais estão quietos. Minha mulher, meus filhos e noras estão todos dormindo. E eu estou refletindo sobre meus 600 anos e lembrando de alguns apelidos que tive quando jovem. Por exemplo, quando eu era novo, aos 100 anos, me apelidaram de Niemeyer – o nome de um garoto que gostava de construir casas.
Dilúvio, dia 10
Hoje, para a arca não naufragar, fomos forçados a amarrar o pica-pau. Ele estava muito agitado.
Dilúvio, dia 11
Se no futuro alguém perguntar: “Como a arca de Noé conseguiu resisitir ao Dilúvio?”, saiba a resposta: é porque nós confiamos em Deus. Todos os dias nós costumamos dizer uns para os outros: “Só Deus segura esse navio”. Por isso, que nenhum infeliz venha a dizer no futuro sobre qualquer embarcação: “Nem Deus afunda esse navio”.
Dilúvio, dia 26
O papagaio não pára de imitar o som dos trovões. Ele está matando as hienas de tanto que elas estão rindo.
Dilúvio, dia 33
Infelizmente os dinossauros tiveram que morrer. Eles não caberiam na arca. Saudade do meu Tiranossauro de estimação.
Dilúvio, dia 35
A comida estocada está acabando. Estamos racionando o alimento. Pensamos em pescar alguns peixes. O problema é que só temos duas minhocas.
Dilúvio, dia 39
Minha esposa não gosta de falar muito, por isso muitos sequer sabem seu nome. Ela não se chama nem Hebe nem Dercy, o nome dela é [ESTE TRECHO DO DIÁRIO FOI DANIFICADO PELO TEMPO E TORNOU-SE ILEGÍVEL}
1º Dia depois do Dilúvio
Por que eu salvei as baratas?
